“Cristo, um rosto a contemplar” – no ECC queremos ver Jesus Palestrante: Dom Francisco Canindé Palhano - Bispo de Bonfim
No itinerário histórico da Igreja da América Latina e do Caribe, em Aparecida, registra-se a V Conferência do Episcopado desse imenso Continente, como um acontecimento de colegialidade episcopal, para rezar, refletir e aprofundar o tema do discipulado e da missão, sob a proteção da Imaculada Conceição de Aparecida, Mãe e modelo do discípulo missionário.
A presença do Santo Padre Bento XVI inundou os corações de todos de grande alegria e ardor, enquanto sucessor de Pedro, augurando que este Continente da Esperança se torne, já agora, o Continente do Amor. Todos se sentiram bem unidos ao Papa que veio “apascentar as ovelhas” e dar ênfase à família, enquanto obra de Deus Criador e patrimônio da humanidade.
É nesse clima de euforia e entusiasmo, mas também de fidelidade a Jesus e de compromisso com a sua Igreja, que queremos viver este momento especial para o Encontro de Casais com Cristo, neste XVIII Congresso Nacional. O anúncio alvissareiro da Boa Nova sob o Matrimônio e a Família faz parte desse nosso serviço eclesial, pensado no coração sacerdotal do Pe. Alfonso Pastore, e, por isso, precisamos assumir coerentemente as palavras da Sagrada Escritura que nos diz “o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos” (1Jo 1,3).
Aprendemos, desde que participamos da primeira etapa do ECC que, o seu objetivo é proporcionar ao casal uma verdadeira experiência pessoal de Jesus, não apenas para vê-lo como uma mera figura histórica, humana, mas para acolhê-lo em sua pessoa, o Homem-Deus e o Deus-Homem e poder segui-lo verdadeiramente. Daí, na programação do Congresso, o sentido deste tema “Cristo, um rosto a contemplar” - no ECC queremos ver Jesus.
Abrindo as páginas do Santo Evangelho, os escritores sagrados não nos dão somente uma biografia de Jesus, mas eles nos apresentam, com muita beleza, o rosto de Jesus; eles mostram, sim, aquele rosto de uma criança no presépio, aquele rosto humano-divino do Filho de Deus que prega, cura e faz milagres, e também o rosto doloroso da Cruz e o rosto brilhante do Ressuscitado, o vencedor da Morte, que é a base de nossa fé e a razão da nossa esperança.
Ver o rosto de Jesus é acolhê-lo, imitá-lo e fazer-se como Ele, é ser seu discípulo como fizeram André e Felipe, é aderir ao seu ensinamento e ao seu projeto, numa clara consciência daquilo que o próprio Mestre diz “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Ver Jesus é acreditar na revelação que Ele próprio faz de si mesmo, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” ( Jo 14,6). Acolher este chamado é se dispor a fazer um seguimento missionário para evangelizar os rostos tão desfigurados e carentes de pessoas e famílias que ainda não contemplaram o rosto luminoso e transfigurado do Senhor Jesus.
O espírito missionário, próprio do ECC em sua primeira etapa, quer levar o casal a viver o Matrimônio, desfrutando de suas graças, construindo uma espiritualidade conjugal, familiar e apostólica. Decorre daí, que ele se torne uma voz profética em defesa da vida, do Matrimônio e da Família cristã que, no dizer de João Paulo II, o Papa da Família, “edifica o Reino de Deus na história mediante aquelas mesmas realidades cotidianas que dizem respeito e contradistinguem a sua condição de vida: é, então, no amor conjugal e familiar – vivido na sua extraordinária riqueza de valores e exigências de totalidade, unicidade, fidelidade e fecundidade – que se exprime e se realiza a participação da Família cristã na missão profética, sacerdotal e real de Jesus Cristo e da sua Igreja...” (FC, nº 50).
O pensamento de Bento XVI, em seu discurso de abertura da V Conferência de Aparecida, continuando neste mesmo pensamento do seu antecessor, diz que “a família é ‘patrimônio da humanidade’ e se constitui um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos. Ela foi e é a escola de fé, palestra de valores humanos e cívicos, lar em que a vida humana nasce e é acolhida, generosa e responsavelmente”. E é na própria família onde, por primeiro, se aprende a contemplar o rosto de Cristo, sentindo, cada vez mais, o fascínio pela santidade.
Por fim, o apelo proposta-desafio feito neste Congresso é que aproveitemos melhor os momentos da Vigília nos três dias do ECC para nos sentarmos mais demoradamente aos pés de Jesus Eucarístico. E, assim, ouvirmos Dele as suas lições e aprendermos o seu mandamento de amor, para, contemplando o seu rosto, sairmos em missão como discípulos que, já se fizeram adoradores do Pão Vivo e, por isso, se tornaram servidores dos irmãos.