3ª Etapa: o grande desafio é o engajamento numa causa social.



Testemunho de Pe. Mauro sobre a Pastoral Carcerária em Guarulhos/SP.
Pe. Mauro é Pároco da Paróquia São José em Guarulhos
e Diretor Espiritual do ECC no Regional Sul I (São Paulo).

Quem põe mão ao arado e volta para trás não é apto para o Reino de Deus.

É uma sentença do Evangelho que nos convida a continuar sempre o caminho; nunca nos podemos sentir plenamente realizados na construção do Reino de Deus.

A tendência a nos acomodar nas nossas realizações nos impede a renovação necessária.

Os desafios que enfrentamos são muitos e o cansaço juntamente com a visualização dos resultados muitas vezes menores do que o esperado faz com que desanimamos.

Precisa, por isso, uma motivação ainda maior para não desistir.

O que a nós foi confiado se realiza somente através de nós, não terá mais ninguém que poderá fazê-lo no nosso lugar. A dinâmica de Deus é surpreendente; Ele não faz nada sem nós; quando paramos fica esperando e quando decidimos continuar se põe a nossa frente mostrando mais caminho ainda.

Apresento um campo para ser arado muito difícil e desafiante juntamente com os encarcerados da nossa cidade. Guarulhos tem quatro presídios com uma população carcerária de cerca 6.000 detentos; o Senhor me concede de levar a Palavra de Deus em um destes presídios onde residem mais de 1.000 sentenciados, juntamente com uma pequena equipe de leigos que acompanham, após 5 anos de trabalho, todas as quintas-feiras, vimos os primeiros resultados; finalmente conquistamos o nosso espaço; nas nossas reuniões participam de 4 a 8 detentos. A catequese que podemos fazer é verdadeiramente entusiasmante; estes irmãos nos escutam com avidez procurando entender a mensagem que transmitimos com fidelidade e verdade.

Encontramos muitas dificuldades para poder entrar; alguns dias, esperamos até uma hora para que um agente possa nos acompanhar depois de uma acurada revista. Outros dias, simplesmente temos que voltar atrás sem poder entrar por problemas internos de segurança, mas nunca perdemos a alegria de poder anunciar a boa nova de Jesus.

Um detento me perguntou como conseguíamos tanta perseverança e se não ficávamos decepcionados com a pouca participação.

Respondemos, com simplicidade, que para nós o mais importante era condividir o sofrimento deles, permanecendo presos por duas ou três horas por semana não recusando partilhar a vida com eles, principalmente porque Jesus se preocupa com as nossas enfermidades e por nós se deixou prender cravado na cruz.

É verdadeiramente edificante participar do amor que Deus tem para aquele que o acolhe no seu coração. Não posso garantir que alguns destes irmãos possam sair da prisão plenamente convertidos, mas com certeza poderão dizer que Jesus foi visitá-los quando estavam presos.

Por mão ao arado e continuar o caminho é como encontrar tesouros entre as pedras, quanto mais difícil, o tesouro será maior. Peço a Deus a perseverança para que olhando atrás continue sempre à frente.